sábado, 19 de abril de 2008

Encontro com Trindade Coelho.

Não será esta chuva que me vai impedir de aceitar o convite da Editora Caixotim para viajar até à vila de Mogadouro, em Trás-os-Montes.
A primeira paragem , porém´será na cidade do Porto, onde o escritor estudou- " Parti, não havia remédio; e nunca me há-de esquecer aquela viagem de barco pelo Douro abaixo, uns poucos de dias, desde a foz do Sabor até ao Porto"-, e começou a escrever- " um dia pus-me a fazer um romance".
É no Mogadouro, porém, onde passa as férias escolares, que começa por escrever artigos curtos, para jornais locais, seguidos de contos, feitos a partir da tradição oral que ia buscar junto do povo.
Passamos depois a Coimbra, onde cursou Direito, tendo encontrado aí um ambiente que exacerbou o seu natural pendor literário, e, posteriormente, a Lisboa, para onde fora transferido em 1889, depois de ter exercido no Sabugal e em Portalegre o cargo de Procurador Régio.
Os seus escritos denunciam então claramente a nostalgia do seu Mogadouro - " Mas o que são os meus contos?! Não sei. Talvez saudades, e tenho a certeza de que se vivesse na minha terra não os teria feito".
É pois dentro deste espírito que, em 1891, publica aquele que seria o seu livro mais difundido: «Os Meus Amores», em que o contista mergulha na" alma do povo", e dá conta da vida pacata que se desenrola na sua terra natal- "Eram as sete. Àquela hora é que os "figuros" da terra, quase todos funcionários públicos, vinham para o largo, à fresca.(...) Nas escadas do pelourinho, sentados, outros do mesmo feitio, cavaqueavam".
Como diz a um amigo, tudo na sua escrita era emoção: " Eu escrevo do pescoço para baixo, do pescoço para cima não sei escrever".

É costume dizer-se que o ar livre abre o apetite. A mim, esta viagem deu-me vontade de conhecer a obra deste transmontano.

2 comentários:

O Réprobo disse...

Mais um que acabou mal...
Os dois livritos principais dele, esse e o de recordações, ainda se lêem. Mas claro que não é Camilo.
Beijo
PS: a Cristina sabe que também tenho uma costela transmontana?

cristina ribeiro disse...

Acho que é a Luísa que também tem raízes nessa Província.
Pois, Paulo, Camilo houve só um (sabia que este intercedeu por Trindade na colocação na magistratura? )
Beijo