terça-feira, 6 de novembro de 2007

Laicismo como unidade cultural?

Dúvida que me assaltou na aula de Tópicos Especiais de Teoria das Relações Internacionais onde a Professora se foca essencialmente na Escola Inglesa.

Martin Wight considerou num dos seus primeiros escritos que para que um sistema de Estados possa emergir é necessário que haja uma unidade cultural, tal como a demonstrada ao longo dos séculos nos diversos sistemas de Estados, nomeadamente no sistema europeu, através de uma unidade essencialmente, mas não necessariamente, pela religião (ainda que na Europa a religião cristã se tenha dividido entre protestantes, católicos e ortodoxos), e alguns extrapolam que isso dará razão ao conceito de Choque de Civilizações de Huntington. Porém, no sistema de Estados actual, que decorre da expansão do modelo europeu de Estados soberanos, não existe esse mesmo tipo de unidade cultural, o que desmonta o argumento de Wight (que se não tivesse morrido antes do final da Guerra Fria talvez tivesse rectificado a sua análise).

A dúvida que me assaltou e à qual a Professora não soube responder, apesar de poder apenas ser devaneio mental da minha parte, é se no sistema actual, onde os Estados que levantam mais problemas à ordem instituída são os do Médio-Oriente (onde não aconteceram movimentos como o Renascimento, não se chegando a separar a religião do Estado), será que os restantes Estados não estarão unidos por um conceito, o laicismo?

Embora todas as sociedades tenham eminentemente uma afeição por alguma religião, o Estado moderno proclama-se laico. Continuará isto a dar razão a Huntington? Enfim, só sei que nada sei...

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